ESPECISMO
O especismo é uma discriminação. Muito arraigado culturalmente, baseia o tratamento de um indivíduo de acordo com a sua espécie e não em função das suas características e aptidões naturais.
Sendo mais generalizada a discriminação dos humanos em relação a todas as outras espécies, é também frequente o especismo selectivo, que escolhe uma ou mais espécies como alvo de favoritismo: muitos humanos defendem a integridade física e psicológica de um cão ou de um gato, mas ignoram estes direitos relativamente a um boi ou a um frango.
O que é que determina uma espécie e os seus direitos?
Apenas a genética determina a fronteira entre uma espécie e outra, por isso o especismo aceita a atribuição de direitos baseada nos genes, esquecendo que são também os genes que distinguem a raça ou género. Sabemos quais os genes que determinam a cor dos olhos ou a cor da pele ou o sexo. Mas qual será o gene que determina a atribuição de direitos?
Uma sociedade de direito promove e defende a integridade física e psicológica dos seus indivíduos humanos, partindo do pressuposto de que é inaceitável a sujeição de humanos ao horror da privação, da mutilação, do cativeiro, do medo, da angústia.
A fisiologia e o comportamento dos outros animais assegura-nos de que estes também experimentam o medo quando ameaçados, a dor quando mutilados, o tédio e a frustração, a ansiedade e a desorientação, quando em clausura e confinamento. Não seria então lógico reconhecer-lhes direitos inerentes à sua condição?
De que espécie sou eu? E de que espécie és tu?
Como indivíduos capazes de acção moral, como seremos nós, espécie humana, capazes de justificar e aceitar, ainda que maioritariamente de forma passiva, a exploração contínua das suas vidas e a responsabilidade da sua morte?
“Nenhum dos argumentos que provam a superioridade do homem consegue esconder este facto terrível: no sofrimento, os animais são nossos iguais.” P. Singer
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